28 de jul. de 2008

uma tristeza desce com as nuvens e embala-me
oscilo entre a opacidade das palavras e a transparência das águas
que agitadas e doces me engolem
fecho a porta e refugio-me no umbral da solidão
de um sonho alimentado por um sol distante
que vagueia por becos perdidos e ruas vazias
sucumbo às lágrimas de pérolas ocultas
que me embargam a voz e me deixam muda
talvez...
latejam as fontes envoltas no nevoeiro denso da manhã
e não há pensar nem acreditar
nas atitudes insanes e loucas de perder
constantes ventos que me derrubam
na fragilidade de palavras vãs que se lançam ao ar
e voam como pétalas decorativas e apáticas no vazio

25 de jul. de 2008

mãos entrelaçadas num fio de cobre
(des)fazem o nó cego da vontade de um querer
e permanecer

19 de jul. de 2008

na vulgaridade se espelham as luzes vermelhas
brancas de aparências irredutíveis e fáceis
renascem e morrem num perpétuo ciclo de cio
com vulgares gemidos abafaram o tremor
sufocaram a respiração fresca do ar da madrugada
banalizaram o amor na repetição da palavra

18 de jul. de 2008

não me ocorre a transcedência dos vocábulos
não me evaporo em efémeras proposições
não existo na ortodoxia de dicionários universais

17 de jul. de 2008

línguas de fogo assaltam a íntima exclusividade
exposta às indistintas palavras semeadas
em terrenos alheios como seus fossem

15 de jul. de 2008

calibrada e sem atritos resvalo entre nuvens
que se combinam em adequadas distâncias efémeras
em intermitências consecutivas de nós que atam linhas e horizontes

13 de jul. de 2008

numa conexão de vinculados destinos
concebo intrínsecas ligações de afectos
espelhadas na tranquilidade dos sonhos

1 de jul. de 2008

espero pelo fruto maduro suspenso nos ramos
de vocábulos fragmentados que me rasgam por dentro
resisto à urgência da escrita obsessiva e impertinente